"Bonito o crepúsculo, não? Veja as cores, como são lindas e efêmeras... Não se repetirão jamais. E não há forma de segurá-las. Inútil tirar uma foto. A foto será sempre a memória de algo que deixou de ser... E esta tristeza que a beleza dá? Talvez porque você seja como o crepúsculo... É preciso viver o instante. Não é possível colocar a vida numa caderneta de poupança... Você sabe que horas são? Está ficando frio... E as cores do outono? Parece que o inverno está chegando...
O que é que você está esperando? Como se a vida ainda não tivesse começado... Como se você estivesse à espera de algum evento que vai marcar o início real da sua vida: se formar, se casar, criar os filhos, se separar da mulher ou do marido, descobrir o verdadeiro amor, ficar rico, se aposentar... Como se os seus instantes presentes fossem provisórios, preparatórios. Mas eles são a única coisa que existe...
E está música que você está dançando? É de sua autoria? Ou é um Outro que toca, e você dança? Quem é esse Outro? Lembre-se do que diss o poeta: "Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim". Mas se você é isso, o intervalo, você já morreu... Acorde! Ressuscite!"
Palavras da Morte, por Rubem Alves
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